"A vida cristã não é resultado da escolha do cristão, e sim sua resposta ao fato de que Deus o escolheu" (James M. Houston)

terça-feira, 8 de julho de 2014

Sopro





Sopro invisível dando "asas" às nuvens,
coberta para o sol...
cinzenta descrição da manhã nublada, fria...
ensaios do Eterno,
na soberana arte de pintar os dias.

Riva

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Reflexão: Atos 20.27, 28



Paulo não era o tipo de apóstolo que negociava a mensagem ou a ajustava de acordo como os interesses daqueles aquém pregava. Seu comprometimento com o evangelho não lhe permitia abrir mão de toda mensagem, ainda que a mesma contrariasse os anseios de muitos.
Ele não apenas era fiel na proclamação do evangelho, como também aconselhava seus irmãos (cooperadores) a fazerem o mesmo. Isto fica evidente em vários trechos dos seus escritos (ver 1 Tm 4.11-16, Tt 2). Aos obreiros de Éfeso, ele faz questão de destacar:
1.                  Seu compromisso com a pregação (v. 27). É evidente que não se tratava de simples discursos sobre temas relevantes, boa oratória ou sabedoria humana. Paulo estava sujeito ao Senhorio daquele que o chamou para anunciar o evangelho e lhe revelou Sua vontade (ver Gl 1.11-24).
1.1. Seus companheiros de caminhada sabiam que sua pregação era integral (v. 27) . O evangelho deve ser compartilhado de maneira responsável e completa. Cabe àqueles que anunciam serem moldados a ele, e não tentarem moldá-lo aos seus próprios caprichos.
1.2.  A Igreja em sua caminhada diária deve anunciar “toda vontade de Deus”. É isto que faz diferença na vida das pessoas e desperta os eleitos do Senhor para se arrependerem dos seus pecados (ver Rm 1.16). O centro do evangelho é Deus e sua soberana vontade. É isso que nos convém proclamar. A Palavra do Senhor expressa toda a sua vontade soberana e imutável.
1.3. Se o que anunciamos não tiver a soberania divina como base, podemos afirmar que não se trata do evangelho de Jesus Cristo (ver Gl 1.6.10).

2.      Preocupação com seus companheiros de caminhada (v.28). A verdadeira igreja é aquela na qual os irmãos demonstram interesse uns pelos outros. Nela, a comunhão não se fundamenta em programas, retiros ou frases de efeito; mas na caminhada juntos.
2.1. “Cuidem de vocês mesmos...” (v. 28). Eis o ponto de partida para sermos instrumentos divinos na vida dos nossos irmãos. Devemos cuidar de nós mesmos. Isso não se trata de egoísmo, mas de amor próprio, pois só é possível cumpri cabalmente o segundo grande mandamento se: “ama a teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.31).
O cuidado pessoal implica em cuidado com a saúde física, famíliar, profissional, etc. No sentido de sermos bênçãos na vida de outros, diz respeito em nos sujeitarmos a vontade de Deus (ver 1 Tm 4.16).
2.2. “... e de todo rebanho sobre o qual o espírito os colocou como bispos...” (v.28). Aqueles que “cuidam de si mesmos” devem cuidar dos outros. Quando somos irmãos maduros (presbíteros/aciãos), o Senhor nos coloca como exemplo para outros irmãos, a fim de cooperamos com eles para edificação. Não há imposição, nem hierarquias humanas nesta questão, pois o que ocorre é fruto da graça divina na vida daqueles que ele atraiu para si.
2.3. “... para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com seu próprio sangue” (v.28). Os méritos são todos do Senhor! A Igreja é Sua. Nós somos dele. Se cuidamos (“pastoreamos”) de alguém é porque ele nos colocou e capacitou como cuidadores (pastores). Isto não nos torna superiores a ninguém, pois se trata de um chamado para servir ao Senhor e a sua Igreja (corpo/irmãos). Também não é um “preço a ser pago”, pois tudo ele pagou com o “derramando seu próprio sangue”.

Voltemos ao evangelho e sua simplicidade. Tomando o exemplo de Jesus e os apóstolos como referencias para a nossa caminha diária. Imitando-os, conheceremos melhor “toda vontade de Deus” e a proclamaremos com responsabilidade, cuidando de nós mesmos e dos irmãos que partilham conosco.

Paz!

Riva


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Reflexão: Atos 16.6- 10




A proclamação do evangelho é um trabalho divino, para o qual o Senhor nos convoca. A execução do mesmo decorre do novo nascimento, e da plena sujeição a sua vontade soberana. É isso que percebemos nas peregrinações de Paulo e seus amigos: “Paulo e seus companheiros viajaram pela região da Frígida e da Galácia...” (v. 6).

1. Na caminhada do evangelho a direção vem sempre de Deus (v. 6, 7). Contrariando a tendência humana (principalmente a dos “evangelistas” institucionais), a orientação do Senhor pode ser nos impedir de irmos a determinados lugares e fazermos certas coisas; mesmo que intenção seja “pregar” o evangelho: “... tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na província da Ásia” (v. 5).
1.1. Nossas intenções por “melhores” que sejam, podem estar desconexas com a vontade do Deus soberano.
1.2. Não temos maiores detalhes a respeito do como o Espírito os “impediu”, o fato é que eles entenderam a direção divina, e seguiram em outra direção. Isto expressa sensibilidade de Paulo e seus companheiros em fazer a vontade de Deus, e não satisfazer seus próprios desejos.

2. O Espírito não perguntou se Paulo e seus amigos queriam ou não pregar o evangelho naquelas cidades; simplesmente os “impediu de pregar” (v. 7). Deus não é governado por nossos anseios, nem muda sua vontade por nossa causa. Ele apenas nos molda para cumprirmos seus propósitos eternos.
2.1. Paulo e seus amigos não ficaram tristes, nem contrariados com o “impedimento imposto pelo Espírito”, mas, aceitaram a direção e seguiram a jornada pela fé.
2.2. Como discípulos, devemos seguir o modelo do Mestre (ver Mt 26.42).

3. Assim como os “impediu”, o Espírito também lhes deu clara direção para a sequência da caminhada na missão (v. 9, 10). A orientação divina pode ser sim ou não, dependendo do seu próprio querer.
3.1. Os meios que Deus usa para nos dirigir na sua vontade, são diversos: “... Paulo teve uma visa...” (v. 9). O mais importante é compreendermos o teor da mensagem e discernirmos com clareza o que a mesma está nos dizendo.
3.2. A melhor resposta ao chamado divino é sempre seguir na direção que ele nos dá: “Depois que Paulo teve essa visão, preparamo-nos imediatamente para partir para a Macedônia” (v.9).
3.3. Quando seguimos sob a direção do Senhor, os resultados sempre O glorificarão, por meio do alcance daqueles que ele escolheu para si.

Basta aos eleitos de Deus se submeterem à sua vontade. Não nos convém seguir qualquer outra direção. O senhor pode tanto nos “impedir” com nos impelir a cumprirmos seu querer. É neste caminho que devemos andar como Igreja do Senhor, ouvindo sua voz e obedecendo. O Espírito sempre nos guiará na vontade do Pai (ver Jo 16.13).

Sigamos sob a orientação do Soberano!

Riva

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Reflexão: Atos 15



O corpo de Cristo (Igreja) é formado por pessoas, e revela em sua expressão vivencial, questões inerentes à existência humana em comunidade. Portanto, ficam evidentes erros e acertos, e o surgimento de temas que requerem avaliações e posicionamentos centrados e maduros.
Com a chegada do evangelho aos gentios surgiram conflitos com os judaizantes e suas praticas. Tais questões exigiam avaliações e posicionamentos equilibrados por parte da Igreja. Notemos algumas questões que podem nos auxiliar em momentos de avaliação e resolução de conflitos na caminhada comunitária.

1. Na comunhão dos irmãos (Igreja) os conflitos, desvios doutrinários e outros problemas devem ser reconhecidos e tratados com seriedade (v. 1, 5, 24).
1.1. Paulo e Barnabé se posicionaram com firmeza em oposição ao pensamento daqueles que queriam impor a lei sobre os gentios (v. 2). Identificado o problema agiram com prudência e sabedoria.

2. A resolução de conflitos no contexto da Igreja (organismo) deve ser uma tarefa coletiva (v. 2- 4, 6, 7, 12, 13, 22, 23, 25- 31). Fica claro que embora houvesse irmãos mais maduros (“apóstolos” e “presbíteros”), não havia da parte destes nenhuma imposição ou domínio sobre os demais. Sabiamente eles buscam consenso na coletividade.
2.1. Havia liberdade de expressão. Cada um, de acordo com seu dom e maturidade poderia expressar sua opinião sobre o tema em foco (observe quantas pessoas falaram).
2.2. Toda opinião ou sugestão de quem quer que fosse era submetida ao crivo da coletividade, e desta saia o posicionamento final (v. 22, 25, 31). Este é um dos principais sinais de maturidade e equilibrio na caminha da Igreja.
2.3. Os irmãos mais maduros (“apóstolos” e “presbíteros”) eram ouvidos com atenção (v. 12). A assembleia os reconhecia como conselheiros experientes e comprometidos com a Palavra de Deus, mas não infalíveis (eram homens como os demais).
3. Toda e qualquer palavra ou decisão eram devidamente fundamentadas nas Escrituras (v. 15- 17). É fundamental que a comunidade se apegue aos princípios bíblicos na analise e resposta a qualquer tipo de conflito.

4. O que foi definido em consenso deve ser compartilhado claramente com todos (v. 22- 31). Se os assuntos são tratados coletivamente, e as decisões voltadas para o coletivo é fundamental que todos fiquem cientes dos mesmos. Quando há clareza, não há o que esconder!

À medida que a Igreja crescia e avançava no cumprimento da missão, surgiam novos desafios internos e externos. O mesmo ocorre na atualidade. Convém considerarmos exemplos como este de Atos 15, e assim, caminharmos como corpo de Cristo.
Saudações aos eleitos!

Riva

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O QUE FAZER?




“Portanto, que diremos, irmãos? Quando vocês se reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em língua ou uma interpretação. Tudo seja feito para a edificação da igreja.”
(1 Co 14.26 – NVI)

Ser Igreja do ponto de vista da sua manifestação publica, implica na reunião dos eleitos, a fim de adorarem a Deus coletivamente. Nesta coletividade os irmãos se manifestam de maneira orgânica, conforme a graça que o Soberano dispensou sobre cada um. Por ser tratar de encontros de pessoas diferentes, em contextos diversos; faz-se necessário um entendimento claro a respeito dos elementos norteadores destes ajuntamentos. 
A realidade vivenciada nas reuniões da Igreja em Corinto nos apresenta um pano de fundo apropriado para o desenvolvimento da presente reflexão. Ali, havia grande diversidade de manifestações, muitas das quais extrapolavam os limites de um clima saudável e edificante. Não faltavam exageros, meninices e tantas outras demonstrações de imaturidade e desequilíbrio. Fatos que se tornavam evidentes principalmente nas reuniões da Igreja (corpo).
Neste cenário, Paulo foca algumas questões, com o propósito de dar leveza e sentido orgânico aos encontros da coletividade. Alguns deles merecem nossa atenção, pois se aplicam perfeitamente à nossa realidade como Igreja.

Primeiro foco: A reunião. “Quando vocês se reúnem...” A Igreja é formada pelos eleitos entregues pelo Pai aos cuidados de Jesus (Jo 6.44; 17.6). Quando os tais se reúnem, a Igreja se manifesta de maneira visível diante dos homens. Embora sejamos individualmente membros do Corpo de Cristo, necessitamos nos reunir uns com os outros para o crescimento mutuo. Os encontros nos convidam a romper as barreiras do exclusivismo e isolamento.
Na perspectiva paulina o foco está na reunião, no ajuntamento dos eleitos, independentemente do dia, local ou horário. O que realmente importa e faz toda diferença é estarmos juntos em adoração. Paulo não estava preocupado em dar uma formatação institucional para os encontros da Igreja, definindo coisas como tempo de duração ou cerimonial litúrgico. O importante para ele era o fato dos irmãos estarem reunidos partilhando uns com os outros.

Segundo foco: Pessoas. “... cada um de vocês...” Os encontros da Igreja no primeiro século eram marcados pela valorização das pessoas que a formavam, e se manifestavam como suas singularidades. Embora o foco fosse pessoal, os indivíduos não eram vistos como meros números, nem mesmo com instrumentos de manipulação ou contribuição. Havia respeito entre os eleitos de Deus.
A cada dia eles se inteiravam melhor acerca dos ensinos de Jesus, e compreendiam que eram todos iguais diante de Deus. Paulo destaca “cada um” como parte importante do encontro, incentivando-os à participação efetiva. Todavia, fica evidente que ninguém era coagido a participar, falar ou fazer coisas do tipo. O desafio era despertar a espontaneidade. A beleza estava na manifestação da coletividade, como bem descreve o texto de 1 Co 12.12-31.
Convém salientar que Paulo estava instruindo os irmãos de Corinto a serem mais orgânicos na maneira como se reuniam como Igreja. As dificuldades enfrentadas nas reuniões são as mesmas vivenciadas em qualquer contexto onde pessoas se encontrem. Por isso as orientações paulinas são tão relevantes.

Terceiro foco: Diversidade “...cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em língua ou uma interpretação...” A continuação do texto nos mostra que não bastava apenas a Igreja estar reunida, e os irmãos reconhecendo e respeitando individualmente uns aos outros como pessoas. Cada um devia contribuir com base na capacitação recebida. Todos poderiam fazê-lo, sem discriminação. É justamente essa mutualidade que evidencia uma das principais características da Igreja de Jesus. 
Paulo coloca “cada um” como co-responsável pela participação ativa no desenvolvimento do encontro. Não havia hierarquia, nem mesmo destaque deste ou daquele dom. Todos eram irmãos igualmente ungidos pelo Espírito e deveriam cooperar conforme a graça recebida. Fica evidente que tal expressão tonar-se muito difícil (para não dizer impossível) no contexto da instituição chamada igreja.
A estrutura institucional é profundamente apegada ao desenvolvimento de hierarquias e cargos, privilegiando a participação de uns poucos “ungidos”, em detrimento da passividade da grande maioria. Na igreja orgânica os encontros devem ser participativos, fundamentados na pessoa de Cristo e no pleno exercício dos dons espirituais. Não deve haver espaço para personalismos, holofotes ou coisas semelhantes. No corpo todos os membros são importes para o bem comum (1 Pe 4.10).

Quarto foco: Edificação “...Tudo seja feito para a edificação da igreja.” Aqui está razão de ser das reuniões da Igreja. As pessoas se encontram para edificarem umas às outras, e por meio disto glorificam a Deus. O que faz toda diferença é o que as motiva. Sem a motivação correta, qualquer ajuntamento não passará de mais um ajuntamento. Quando a Igreja se reúne valorizando as pessoas, respeitando as diferenças, celebrando a mutualidade nas manifestações, o resultado será a edificação do corpo.
A Igreja é edificada pelo Senhor que se manifesta por meio dos dons distribuídos entre os eleitos. Não se trata de programas ensaiados (estilo teatro), mas de atitudes espontâneas daqueles que pela graça divina são capacitados e convivem com os demais membros da Igreja (corpo). 

Sigamos o foco paulino. Aceitemos o desafio de ser Igreja sem as formalidades institucionais, mas com o foco centrado naquilo que realmente glorifica a Deus. Lembremos que nosso alvo é a edificação mutua.
Aos eleitos que assim como eu tentam viver no caminho do Evangelho de Jesus, sendo partes da sua Igreja.

Riva

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

SIMPATIA



“... e tendo a simpatia de todo o povo...” (At 2.47 - NVI)

Quando leio esse texto, atento para o contraste que o mesmo lança diante dos meus olhos. Jerusalém se agitava com o crescente número de pessoas professando a fé em Cristo, e passando a viver em torno de elementos estranhos à maioria: palavra, oração, comunhão, partir do pão (At 2.42). Tais fatores demonstravam a grande ruptura com o modelo religioso proposto pelo judaísmo. Entre os primeiros cristãos se manifestava um forte senso de comunidade, a adoração na vida e o pertencer uns aos outros.
Face a tantas e contundentes transformações, o que se percebia era o impacto que o novo estilo de vida causava naquela sociedade. Embora muitos rejeitassem o Cristo, e negassem tais manifestações como sendo verídicas; eram simpáticos com a maneira como os cristãos viviam. Que diferença com a realidade dos nossos dias! Enquanto o cristianismo primitivo era relevante e simpático à sociedade, na atualidade os denominados “cristãos” (sobretudo os evangélicos) na sua maioria parecem celebrar a antipatia. Seria esta uma das causas principais da irrelevância da chamada “igreja”?
Consideremos algumas características que tornavam os primeiros cristãos “simpáticos de todo o povo”:
Continuavam sendo gente. A conversão ao evangelho de Jesus Cristo não afetava a essência humana daquelas pessoas. Não lhes dava uma formatação diferente, a ponto de se distanciarem daqueles com os quais conviviam. Não rompiam suas amizades, promovendo a falsa separação entre “salvos e ímpios”. Não mudavam a maneira de falar (algo comum na atualidade), pois não havia o tal “evangeliques”. Pelo contrario, o que observamos em Atos dos Apóstolos e no histórico dos primeiros anos da caminhada cristã, é a efetiva participação dos cristãos na vida da cidade, enfrentando e respondendo às suas demandas.
O evangelho que propõe afastamento das praticas pecaminosas, não impõe barreiras separatistas entre cristãos e não cristãos. Não estabelece a “criação” de dois mundos (o dos crentes e o dos descrentes). A encarnação de Jesus aponta para a relação com os pares e a caminhada entre os mesmos. Trata-se de um modelo próximo das pessoas, integrado com a realidade vivenciada por elas.
O grande desafio é sermos que somos, caminharmos por onde caminhamos, convivermos com as pessoas próximas, em família, no trabalho e em todos os lugares. Como nos instrui Paulo: “Façam tudo para a gloria de Deus” (1 Co 10.31).
Viviam a igreja comunitária. Aqueles cristãos mantinham os vínculos entre si e a forte conexão com a comunidade, reunindo-se em grupos a partir das relações desenvolvidas ao longo da vida. Não construíam prédios, nem se distanciavam da realidade dos familiares e amigos. A igreja era comunitária, sensível às demandas daqueles que a constituíam e simpática.
É importante salientarmos que o fato de contarem com a “simpatia de todos” não significava o comprometimento da mensagem. Tal simpatia decorria do testemunho de cada cristão e da comunidade. Não havia programas, nem estratégias de marketing para torná-los atraentes. Era graça divina. Algo que fluía da vida.
Fica evidente que expressão orgânica da igreja, não apenas manifesta o real sentido da ecclesia, como também aproxima das pessoas. Nela, todos expressam suas virtudes e dilemas, buscando fortalecimento mutuo. A simplicidade e profundidade do evangelho manifestos na expressão não institucionalizada da Igreja glorifica ao Senhor e manifesta sua soberana vontade aos homens.
Eram diferentes pela diferença que o evangelho fazia, e não por imposição ou regras religiosas. É inegável que o evangelho produz profundas mudanças naqueles que nele creem (Rm 1.16). As mesmas fluem do nosso interior e se manifestam por meios de atos de justiça. Não se trata de mudanças decorrentes de meras praticas destes ou daqueles princípios religiosos. A história nos mostra que a simples religiosidade pode maquiar as aparências exteriores, sem gerar nenhum tipo de impacto na nossa inclinação perversa, aos moldes dos “sepulcros caiados”, descritos por Jesus.
O que havia de diferente e impactante na vida dos primeiros cristãos era a diferença que a mensagem do evangelho propagado pelos apóstolos, estava produzindo em seus corações. Isto lhes tornava pessoas livres da escravidão religiosa, com seus muitos preceitos e praticas. Não eram meros religiosos, e sim discípulos, adoradores inclinados a viver para a gloria de Deus. Era este estilo de vida não religioso que despertava a “simpatia de todo o povo”.
O evangelho não é cara feia ou rabugice, e sim, um chamado à verdadeira alegria. Nele encontramos razões para viver como Paulo: “... Aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstancia...” (Fp 4.11). A alegria no evangelho independe das circunstancias, e isso faz diferença no ambiente onde estamos inseridos.
A graça divina manifesta na vida dos eleitos impulsionava os mesmos a viverem com base nos valores do evangelho. Por meio dela o Soberano gerava simpatia no coração do povo. Isto servia como testemunho e, “... E o Senhor lhes acrescentava diariamente os que iam sendo salvos”  (At 2.47).
Cabe a nós seguirmos o bom exemplo da igreja primitiva, encarando os desafios inerentes ao ser gente, viver como Igreja e manifestar a nova vida que o evangelho gera a partir do nosso interior. Questões bastante complexas para pecadores como nós.

Aos eleitos, com carinho!

Riva 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

REPENSANDO A MÚSICA




Em meio a tantas transformações decorrentes de reflexões e posicionamentos assumidos nos últimos tempos, poucos são os temas ausentes desse remanejamento de ideias e atitudes. Entre eles, a música é uma das questões mais serias a serem consideradas, principalmente pelo fato da musicalidade fazer parte da nossa vida.
Durante longos anos de convencia no meio institucional evangélico a música sempre tratada como: “sacra” (“da igreja”) e “profana” (“do mundo”), sendo assim, criou a falsa ideia que as canções ligadas ao primeiro grupo, independentemente da letra, sempre expressam louvor a Deus; e as ditas “do mundo”, mesmo que transmitam mensagens saudáveis, acabam taxadas de “diabólicas”, e impróprias para os crentes. Isto é tão serio que para a maioria dos crentes ouvir qualquer música fora do gueto religioso é considerado pecado.
Mas afinal, é correto pensarmos desta maneira? Será a questão musical deve ser dividida conforme descrito no parágrafo anterior? A Bíblia apresenta alguma base para esse tipo de dualismo? Convenhamos, não necessitamos de grande empenho para constarmos que a musicalidade bíblica é profundamente sensível à realidade das pessoas, expressando as questões do cotidiano cultural em foco nas composições. O que vemos é uma grande variação de temas e estilos, incorporando vários elementos da vida. O fato é que não percebemos nenhuma divisão entre essa ou aquela musica. Cada grupo ou pessoa cantava aquilo que considerava apropriado, sem se preocupar com a origem do cântico.
A música é uma expressão artística, como tantas outras. Há grande diversidade de estilos e ritmos musicais, e cada pessoa e cultura tende a eleger os seus prediletos. O fato de gostarmos deste ou daquele, não torna o outro de menor ou maior valor. Trata-se apenas de uma questão de gosto de cada um.  Consideremos então a possibilidade de dividirmos a questão musical em duas partes: música boa e música ruim.
Em particular, considero boa música, aquela cuja letra expressa valores saudáveis que não firam os princípios centrais do evangelho. Não gosto de todos os ritmos, apenas os seleciono de acordo com o momento. Reconheço aquilo que considero boa música, pode não ser boa para outros. Aprecio a musicalidade como expressão cultural, poesia e manifestação de sentimentos diversos. Boa música é aquela que faz bem aos meus ouvidos, não fere a minha consciência e não propaga conceitos equivocados sobre Deus e a vida.
Tenho grande dificuldade em ouvir canções que embora citem o nome de Deus, transmitem mensagens contrarias as verdades expressas nas Escrituras. Definitivamente não gosto da música chamada “cristã”. Primeiro, porque não encontro em Cristo nenhuma definição do que poderia ser sua música predileta; segundo, por considera na sua maioria desconexa com a realidade das pessoas e culturas a sua volta. Em larga escala, trata-se uma música difusora de linguagens e conceitos restritos ao gueto institucional evangélico, centrada em si mesma, e de pouco relevância para o mundo.
Do mesmo modo também há muito lixo musical fora do meio evangélico. Canções que propagam conceitos equivocados sobre a vida e as pessoas. Por isso, sugiro a seguinte reflexão  para uma simples avaliação e escolha do que ouvir:
  1. Considere atentamente a letra. Veja se a mesma não fere princípios éticos e morais fundados nos valores centrais do evangelho de Jesus.
  2. Não defina uma musica como boa ou ruim pela a simples citação ou ausência de termos relacionados a Deus e a Bíblia.
  3. Ponha o foco na letra, na poesia; e não no interprete (cantor).
  4. Não se prenda a este ou aquele ritmo.

Grande abraço,
Viva a música!

Riva