"A vida cristã não é resultado da escolha do cristão, e sim sua resposta ao fato de que Deus o escolheu" (James M. Houston)

quinta-feira, 28 de março de 2013



ESPIRITUALIDADE PASCAL




“Vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos, ao
qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões
da morte; porquanto não era possível
fosse ele retido por ela (At 2.23, 24)



       Espiritualidade é a vida vivida com a visão da fé. Espiritualidade cristã é aquela que segue o modelo da vida e ensino de Jesus. Ele é o tema central da espiritualidade cristã.
Sua passagem da morte para a vida  - pesach (hebraico) – “páscoa” (português), é a mensagem central da proclamação do evangelho e de toda fé cristã. Isso nos convence que: compreender o mistério pascal é compreender o cristianismo, e ignorá-lo é ser ignorante do cristianismo.
       A páscoa nos mostra que há apenas uma espiritualidade para ser vivida: a nossa morte diária para o pecado, o egoísmo, a desonestidade e o amor degradado, a fim de desfrutarmos da novidade de vida. Nas palavras de Paulo: “Não sou mais eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20).
      A espiritualidade pascal nos convida à verdadeira conversão (metanóia), que nos leva a viver em conformidade com os valores do evangelho de Cristo, a começar por uma identificação pessoal com sua morte. Nesta perspectiva, não evidenciamos apenas os valores que julgamos serem mais favoráveis às nossas necessidades (como propõem os adeptos da graça barata), mas também aqueles que nos desafiam e contrariam nossa vontade. A páscoa é um convite à plenitude de vida que se manifesta na alegria e na tristeza, nas conquistas e derrotas, em meio à fartura e escassez, nas curas e nas dores.
      Vejamos algumas das características inerentes à espiritualidade pascal, e como podemos evidenciá-las:

A espiritualidade pascal é cristocêntrica. Por meio de Cristo, por Cristo e em Cristo. Isto significa que a morte e ressurreição de Jesus são os fatos norteadores de todas as demais coisas na vida daqueles que pela graça tornam-se seus discípulos: “Fazei isto em memória de mim” (1 Co 11.24).
·         Há grupos que centram sua espiritualidade em determinados trechos da Bíblia, e os tornam mais importantes do que a pessoa de Jesus.
·         Outros fazem dos dons carismáticos a razão para o seu viver na fé.
·         Ainda outros imaginam que a simples pratica de boas obras é o centro de uma espiritualidade autentica.
       Mas se não desenvolvermos nossa fé a partir da pessoa de Cristo, tudo não passa de mero esforço humano, desprovido do real significado divino. A espiritualidade pascal é a vida que flui da cruz de Cristo.
       Resumindo, uma espiritualidade cristocêntrica é uma vida fundamentada no amor. Nossa centralidade em Cristo é medida: “Você me ama?” (ver Jo 21.15-17).
·         Nosso desafio é amar a Deus, a nós mesmos e ao próximo (ver Mc 12.28-31). Como escreveu Brennan Manning: “Se nossa jornada cristã não produz Cristo em nós, se a passagem dos anos não forma Jesus de tal modo que nos tornemos realmente semelhantes a ele, nossa espiritualidade está falida.”

A espiritualidade pascal é comunitária. Deus nos criou para vivermos em comunidade, e não como seres isolados. A partir de Cristo, desenvolve-se a idéia de um organismo vivo (Igreja), formado por muitos membros (ver 1 Co 12.12-31).
·         O maior exemplo de vida comunitária é a Trindade. Ela é plena de dialogo, amor autentico e relacionamento mutuo. A páscoa é convite a todos, para celebrarem ao mesmo Senhor.
·         O maior teste à nossa espiritualidade é o modo como vivemos uns com os outros na comunidade de fé (igreja). Por meio de nossos atos e palavras, damos formato e forma à nossa fé. Melhoramos ou pioramos as pessoas a nossa volta.
·         O viver comunitário requer da nossa parte:
ü  Entendimento a respeito da unidade sem uniformidade. O Senhor, o Espírito e o corpo são únicos, mas os membros (pessoas), dons e serviços são muitos.
ü  Aceitação por meio do amor de Cristo.
ü  Renunciam aos desejos pessoais, principalmente aqueles que constantemente nos instigam a buscar os primeiros lugares.
ü  Valorização do outro, como pessoa amada por Deus, e por tanto digna de ser amada por todos.

A espiritualidade pascal nos convida a olhar para a natureza humana como caída. Em Cristo, a pecaminosidade humana não é camuflada, pois fica evidente que: “Todos pecaram” (Rm 3.23), mas, em sua morte e ressurreição todos os eleitos de Deus são chamados ao arrependimento e à redenção.
·         Quer aceitemos ou não, em Cristo os eleitos são aceitos por Deus (ainda que alguns não compreendam). Como disse alguém: “Só há um tipo de pessoa, pecadores. Os pecadores estão divididos em: pecadores arrependidos e não arrependidos.”
·         Outro fator a ser considerado na perspectiva da páscoa é o fato de Deus nunca desistir dos eleitos, pois sempre preparou meios para a nossa redenção. O auge desta historia foi o sacrifico de seu Filho Jesus (ver Jo 3.16-18).
·         Ao compreendermos isso, também recebemos o comissionamento para proclamarmos essas verdades a todos os homens (ver Mt 28.16-20). Neste sentindo, nossa redenção é um sinal para que outros sejam redimidos, e desfrutem do verdadeiro sentido da páscoa.

A espiritualidade pascal é cheia de júbilo e esperança. Está fundada na viva esperança do grande dia no qual Deus conduzirá seus filhos à terra prometida (eternidade).
·         Jesus deixou claro que os discípulos deveriam manter a expectativa de estarem novamente com ele (ver Jo 14.1-3).
·         Ainda perplexos face à ascensão do Cristo glorificado, os discípulos foram advertidos nos seguintes termos: “Varões galileus, porque estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir” (At 1.11).
·         Atenção: Essa vida cheia de júbilo e otimismo não significa:
ü  Um viver sem lutas, reveses, incertezas e muitas outras coisas próprias do viver terreno.
ü  Também não significa que devamos desenvolver uma postura “positivista” de fé, que vive confessando coisas do tipo: “Só benção!”, “Não aceito enfermidades!”, “Sempre feliz e em vitória!”, etc (estes jargões são terríveis!).
ü  Muito menos um viver oprimido pelas limitações, incertezas e impossibilidades desta vida. Com afirmou Paulo: “Nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus” (ver Rm 8.31-39).
·         A páscoa nos convida a um viver equilibrado (nem muito ao céu, nem muito a terra). Estamos aqui, mas não somos daqui. Somos abençoados em meio aos paradoxos da vida terrena.
A espiritualidade pascal encara as pessoas como livres em Cristo. Nele alcançamos plena liberdade: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou” (Gl 5.1). Como ocorrera na libertação do domínio egípcio. Por Jesus fomos, “libertos do império das trevas” (Cl 1.13).
·         A visão de liberdade paulina é incapaz de sucumbir ante a prisão romana. Ele era prisioneiro de Cristo (ver Ef 3.1, 4.1), mas livre em seu viver.
·         A espiritualidade pascal convida cada discípulo à obediência esclarecida (não cega).
·         Nossa liberdade está sujeita a soberania divina. Isto significa que em nome da mesma, não podemos ultrapassar os limites previamente estabelecidos pelo Senhor. “Nenhum dos seus planos  podem ser frustrados”.
·         Infelizmente muitas pessoas não conseguem desfrutar desta liberdade em Cristo e acabam:
ü  Tornando-se libertinos, e contrários a visão bíblica (ver Rm 6.1). Aqui está a única coisa para a qual não devemos usar nossa liberdade.
ü  Outros assumem uma postura defensiva, fundada no legalismo (vendo pecado em praticamente tudo). Estes, a semelhança dos fariseus, são severamente confrontados  por Jesus (ver Mt 23, 24).
ü  Alguns se tornam pessoas manipuladas ou manipuladoras. “Se de fato conhecêssemos o Deus de Jesus, pararíamos de tentar controlar e manipular os outros (para seu bem), sabendo perfeitamente que não é assim que Deus trabalha entre seu povo” (Brennan Menning).
ü  Paulo resumiu isso com maestria: “Onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2 Co 3.17).
       Definitivamente, a morte e ressurreição de Cristo não podem ser encaradas apenas como um acontecimento singular na história da humanidade ou o pleno cumprimento do plano divino. A Páscoa cristã é a porta de entrada para um viver diário de entrega pessoal aos apelos que emergem da cruz.
       Que ao celebrarmos nossa páscoa, o façamos com o coração aberto para um viver cristocêntrico, em comunidade, reconhecendo nossa natureza caída, mas valorizando a redenção em Cristo; assim, não faltará verdadeiro júbilo e esperança e seremos plenamente livres: “Se, pois o filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36).



 Riva

                                                                 







      

quarta-feira, 13 de março de 2013

DEPENDÊNCIA QUÍMICA




Por todos os cantos manifestam-se os flagelos da desgraça imputada pela drogadição. Suas setas são capazes de atingir qualquer um que se deixe influenciar pelas muitas estratégias de atração. Fatores que abrem portas para a dependência, e consequentes tragédias como: ruptura dos vínculos familiares, fragmentação da personalidade social dos dependentes; além de vários outros males corelacionados com a dependência. Em muitos casos, o fim é trágico e sem retorno. A morte.
Diante do quadro apresentado diariamente, faz-se necessário um enfrentamento capaz de encarar o problema de maneira intersetorial; a final, a dependência química gera transtornos não apenas na pessoa dos dependentes, mas também, na sociedade. Trata-se de uma questão que envolve áreas como, saúde, segurança pública, assistência social e educação. Sendo assim, as ações devem estar interligadas para que os resultados sejam satisfatórios.
Ao longo dos anos as Comunidades Terapêuticas tem estado diretamente envolvidas no acolhimento e reabilitação dos dependentes. O trabalho desenvolvido pelas mesmas, é de fundamental importância, e não deve ser tratado com demérito por nenhum dos setores acima citados. É bem verdade que muitas destas CTs, necessitam de adequações as normas estabelecidas pela ANVISA, mas isso só será possível se houver apoio por parte dos órgãos competentes. Em muitos casos as CTs não encontram o devido apoio e reconhecimento pelo relevante trabalho que desempenham.
A verdade é que o enfrentamento à dependência química perpassa o mero debate sobre o tema. A questão exige um esforço coletivo e inteligência estratégica associada a praticas intersetoriais. Requer o envolvimento do poder publico, privado e de toda a sociedade, visto que o desafio cresce a cada dia. Cada setor deve dar a sua parcela de contribuição na repreensão do trafico, prevenção e tratamento (reabilitação) dos dependentes.
Esperamos que os avanços sejam concretos, e a sociedade sai vencedora na luta contra as drogas. Assim, teremos famílias mais felizes.

Riva 

TRÊS PODERES



Diante das inúmeras manifestações diante da posse do deputado Marcos Feliciano (PSC), como presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, e o questionamento de algumas pessoas com as quais convivo, proponho a seguinte reflexão:
Primeiro, um dos mais graves equívocos manifestos no atual quadro nacional, é a crescente ligação entre três poderes de grande influencia: política, mídia e religião. Com o crescimento do numero de evangélicos, associado ao surgimento de grandes denominações; as mesmas passam a assumir maior espaço na mídia e na política. Esta duas questões tem sido bastante controversas, pois na maioria dos casos quem aparece na TV ou é eleito, personifica os muitos conflitos entre a política, religião e mídia.
O caso mais recente é o do deputado Marcos Feliciano (também “pastor” (religião) e tele “evangelista” (mídia). Mostrando a conflitiva relação entre os três “poderes”, seus discursos como pregador, apresentador e político, parecem distintos; fato que corrobora para o despertar de questionamentos.

Em segundo lugar, convém destacar que o deputado Marcos Feliciano foi eleito para representar o povo, e como tal, deve fazê-lo sem utilizar as prerrogativas inerentes ao fato de se denominar evangélico. O problema é que a mistura dos “poderes” torna contraditória a fala do deputado, com a postura esperada por parte do presidente da CDH. Tal contexto serve de base para as manifestações de pessoas e grupos contrários ao mesmo. Penso que há equívocos de ambas as partes.
Terceiro, novamente deflagra-se a velha e absurda “guerra”. De um lado os vários grupos contrários manifestando seus posicionamentos pedindo a ilegalidade da presidência da CDH, do outro, evangélicos declarando que tal postura é perseguição. Na verdade, ambas as parte tem mania de perseguição, e isso demonstra no mínimo a incapacidade de dialogar de maneira democrática e respeitosa.
O que vejo são equívocos extremistas por parte daqueles de quem se espera posturas pautadas no debate propositivo ao invés de conflitos setoriais. Um deputado deve se portar e corresponder com tal, deixando de lado qualquer titulo ou segmentação. O mesmo deve direcionar a postura dos diferentes grupos e suas ações.
Estejamos atentos com a relação entre política, religião e mídia.




Abraços!



Riva Santos