"A vida cristã não é resultado da escolha do cristão, e sim sua resposta ao fato de que Deus o escolheu" (James M. Houston)

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O QUE FAZER?




“Portanto, que diremos, irmãos? Quando vocês se reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em língua ou uma interpretação. Tudo seja feito para a edificação da igreja.”
(1 Co 14.26 – NVI)

Ser Igreja do ponto de vista da sua manifestação publica, implica na reunião dos eleitos, a fim de adorarem a Deus coletivamente. Nesta coletividade os irmãos se manifestam de maneira orgânica, conforme a graça que o Soberano dispensou sobre cada um. Por ser tratar de encontros de pessoas diferentes, em contextos diversos; faz-se necessário um entendimento claro a respeito dos elementos norteadores destes ajuntamentos. 
A realidade vivenciada nas reuniões da Igreja em Corinto nos apresenta um pano de fundo apropriado para o desenvolvimento da presente reflexão. Ali, havia grande diversidade de manifestações, muitas das quais extrapolavam os limites de um clima saudável e edificante. Não faltavam exageros, meninices e tantas outras demonstrações de imaturidade e desequilíbrio. Fatos que se tornavam evidentes principalmente nas reuniões da Igreja (corpo).
Neste cenário, Paulo foca algumas questões, com o propósito de dar leveza e sentido orgânico aos encontros da coletividade. Alguns deles merecem nossa atenção, pois se aplicam perfeitamente à nossa realidade como Igreja.

Primeiro foco: A reunião. “Quando vocês se reúnem...” A Igreja é formada pelos eleitos entregues pelo Pai aos cuidados de Jesus (Jo 6.44; 17.6). Quando os tais se reúnem, a Igreja se manifesta de maneira visível diante dos homens. Embora sejamos individualmente membros do Corpo de Cristo, necessitamos nos reunir uns com os outros para o crescimento mutuo. Os encontros nos convidam a romper as barreiras do exclusivismo e isolamento.
Na perspectiva paulina o foco está na reunião, no ajuntamento dos eleitos, independentemente do dia, local ou horário. O que realmente importa e faz toda diferença é estarmos juntos em adoração. Paulo não estava preocupado em dar uma formatação institucional para os encontros da Igreja, definindo coisas como tempo de duração ou cerimonial litúrgico. O importante para ele era o fato dos irmãos estarem reunidos partilhando uns com os outros.

Segundo foco: Pessoas. “... cada um de vocês...” Os encontros da Igreja no primeiro século eram marcados pela valorização das pessoas que a formavam, e se manifestavam como suas singularidades. Embora o foco fosse pessoal, os indivíduos não eram vistos como meros números, nem mesmo com instrumentos de manipulação ou contribuição. Havia respeito entre os eleitos de Deus.
A cada dia eles se inteiravam melhor acerca dos ensinos de Jesus, e compreendiam que eram todos iguais diante de Deus. Paulo destaca “cada um” como parte importante do encontro, incentivando-os à participação efetiva. Todavia, fica evidente que ninguém era coagido a participar, falar ou fazer coisas do tipo. O desafio era despertar a espontaneidade. A beleza estava na manifestação da coletividade, como bem descreve o texto de 1 Co 12.12-31.
Convém salientar que Paulo estava instruindo os irmãos de Corinto a serem mais orgânicos na maneira como se reuniam como Igreja. As dificuldades enfrentadas nas reuniões são as mesmas vivenciadas em qualquer contexto onde pessoas se encontrem. Por isso as orientações paulinas são tão relevantes.

Terceiro foco: Diversidade “...cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em língua ou uma interpretação...” A continuação do texto nos mostra que não bastava apenas a Igreja estar reunida, e os irmãos reconhecendo e respeitando individualmente uns aos outros como pessoas. Cada um devia contribuir com base na capacitação recebida. Todos poderiam fazê-lo, sem discriminação. É justamente essa mutualidade que evidencia uma das principais características da Igreja de Jesus. 
Paulo coloca “cada um” como co-responsável pela participação ativa no desenvolvimento do encontro. Não havia hierarquia, nem mesmo destaque deste ou daquele dom. Todos eram irmãos igualmente ungidos pelo Espírito e deveriam cooperar conforme a graça recebida. Fica evidente que tal expressão tonar-se muito difícil (para não dizer impossível) no contexto da instituição chamada igreja.
A estrutura institucional é profundamente apegada ao desenvolvimento de hierarquias e cargos, privilegiando a participação de uns poucos “ungidos”, em detrimento da passividade da grande maioria. Na igreja orgânica os encontros devem ser participativos, fundamentados na pessoa de Cristo e no pleno exercício dos dons espirituais. Não deve haver espaço para personalismos, holofotes ou coisas semelhantes. No corpo todos os membros são importes para o bem comum (1 Pe 4.10).

Quarto foco: Edificação “...Tudo seja feito para a edificação da igreja.” Aqui está razão de ser das reuniões da Igreja. As pessoas se encontram para edificarem umas às outras, e por meio disto glorificam a Deus. O que faz toda diferença é o que as motiva. Sem a motivação correta, qualquer ajuntamento não passará de mais um ajuntamento. Quando a Igreja se reúne valorizando as pessoas, respeitando as diferenças, celebrando a mutualidade nas manifestações, o resultado será a edificação do corpo.
A Igreja é edificada pelo Senhor que se manifesta por meio dos dons distribuídos entre os eleitos. Não se trata de programas ensaiados (estilo teatro), mas de atitudes espontâneas daqueles que pela graça divina são capacitados e convivem com os demais membros da Igreja (corpo). 

Sigamos o foco paulino. Aceitemos o desafio de ser Igreja sem as formalidades institucionais, mas com o foco centrado naquilo que realmente glorifica a Deus. Lembremos que nosso alvo é a edificação mutua.
Aos eleitos que assim como eu tentam viver no caminho do Evangelho de Jesus, sendo partes da sua Igreja.

Riva

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