Paulo não era o tipo de
apóstolo que negociava a mensagem ou a ajustava de acordo como os interesses
daqueles aquém pregava. Seu comprometimento com o evangelho não lhe permitia
abrir mão de toda mensagem, ainda que a mesma contrariasse os anseios de
muitos.
Ele não apenas era fiel
na proclamação do evangelho, como também aconselhava seus irmãos (cooperadores)
a fazerem o mesmo. Isto fica evidente em vários trechos dos seus escritos (ver
1 Tm 4.11-16, Tt 2). Aos obreiros de Éfeso, ele faz questão de destacar:
1.
Seu compromisso com a pregação (v. 27). É
evidente que não se tratava de simples discursos sobre temas relevantes, boa
oratória ou sabedoria humana. Paulo estava sujeito ao Senhorio daquele que o
chamou para anunciar o evangelho e lhe revelou Sua vontade (ver Gl 1.11-24).
1.1.
Seus companheiros de caminhada sabiam que sua pregação era integral (v. 27) . O
evangelho deve ser compartilhado de maneira responsável e completa. Cabe
àqueles que anunciam serem moldados a ele, e não tentarem moldá-lo aos seus próprios
caprichos.
1.2.
A Igreja em sua caminhada diária deve
anunciar “toda vontade de Deus”. É isto que faz diferença na vida das pessoas e
desperta os eleitos do Senhor para se arrependerem dos seus pecados (ver Rm
1.16). O centro do evangelho é Deus e sua soberana vontade. É isso que nos
convém proclamar. A Palavra do Senhor expressa toda a sua vontade soberana e
imutável.
1.3.
Se o que anunciamos não tiver a soberania divina como base, podemos afirmar que
não se trata do evangelho de Jesus Cristo (ver Gl 1.6.10).
2.
Preocupação com seus companheiros de
caminhada (v.28). A verdadeira igreja é aquela na qual os irmãos demonstram
interesse uns pelos outros. Nela, a comunhão não se fundamenta em programas,
retiros ou frases de efeito; mas na caminhada juntos.
2.1.
“Cuidem de vocês mesmos...” (v. 28). Eis o ponto de partida para sermos
instrumentos divinos na vida dos nossos irmãos. Devemos cuidar de nós mesmos.
Isso não se trata de egoísmo, mas de amor próprio, pois só é possível cumpri
cabalmente o segundo grande mandamento se: “ama a teu próximo como a ti mesmo”
(Mc 12.31).
O cuidado pessoal implica em cuidado com
a saúde física, famíliar, profissional, etc. No sentido de sermos bênçãos na
vida de outros, diz respeito em nos sujeitarmos a vontade de Deus (ver 1 Tm
4.16).
2.2.
“... e de todo rebanho sobre o qual o espírito os colocou como bispos...”
(v.28). Aqueles que “cuidam de si mesmos” devem cuidar dos outros. Quando somos
irmãos maduros (presbíteros/aciãos), o Senhor nos coloca como exemplo para
outros irmãos, a fim de cooperamos com eles para edificação. Não há imposição,
nem hierarquias humanas nesta questão, pois o que ocorre é fruto da graça divina
na vida daqueles que ele atraiu para si.
2.3.
“... para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com seu próprio sangue”
(v.28). Os méritos são todos do Senhor! A Igreja é Sua. Nós somos dele. Se
cuidamos (“pastoreamos”) de alguém é porque ele nos colocou e capacitou como
cuidadores (pastores). Isto não nos torna superiores a ninguém, pois se trata
de um chamado para servir ao Senhor e a sua Igreja (corpo/irmãos). Também não é
um “preço a ser pago”, pois tudo ele pagou com o “derramando seu próprio sangue”.
Voltemos ao evangelho e sua
simplicidade. Tomando o exemplo de Jesus e os apóstolos como referencias para a
nossa caminha diária. Imitando-os, conheceremos melhor “toda vontade de Deus” e
a proclamaremos com responsabilidade, cuidando de nós mesmos e dos irmãos que
partilham conosco.
Paz!
Riva
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