"A vida cristã não é resultado da escolha do cristão, e sim sua resposta ao fato de que Deus o escolheu" (James M. Houston)

terça-feira, 28 de maio de 2013

“Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas
Ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (Jo 10.26, 27)

Na busca pela compreensão da verdade divina a partir da Sua soberana vontade, nos deparamos com a doutrina bíblica da eleição (ver Ef 1.4; Rm 8.28,29; Jo 6.44, 65). Deus, em sua livre vontade, escolheu alguns dentre todos os homens que estavam “mortos em seus delitos e pecados” (Ef 2.1-5), para serem salvos de sua ira.
Jesus chama tais escolhidos de: “minhas ovelhas” (Jo 10.27), “aqueles que o Pai me dá” (Jo 6.37). E também afirma que: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair” (Jo 6.44). Nenhum outro entendeu e ensinou melhor os pressupostos da eleição, do que o próprio Filho de Deus. Paulo, Calvino e o demais defensores da mesma, foram apenas fieis aos ensinos do Mestre.
Por quê a maioria das pessoas são tão avessas a doutrina bíblica da eleição? Em busca de respostas claras devemos nos reportar aos seguintes pontos:
Um dos principais motivos (se não o maior) para tal aversão é o fato de os pecadores (todos os homens) não reconhecerem seu estado de total depravação e morte espiritual (ver Rm 3.9-18). Por esta razão, erroneamente se acham merecedores do amor divino. Todavia, a manifestação do mesmo é fruto da livre e soberana manifestação da graça e misericórdia divina, e não dos desejos humanos. 
A Bíblia nos mostra que apenas os eleitos são quebrantados e se arrependem de seus pecados, pois o Espírito que neles habita os convence da total miséria e necessidade da misericórdia divina. Estes são aqueles que o “Pai entrega aos cuidados de Jesus” (ver Jo 6.37), a fim de que o Supremo pastor os guarde até o fim.
Outro elemento comprobatório da aversão à doutrina da eleição dos santos é a incompreensão da soberania divina. Embora a maioria dos denominados cristãos afirmem que Deus é soberano, na pratica se verifica o contrario. Julgam tal domínio apenas para questões que lhes agrade, como por exemplo: cuidado, amor, proteção, poder; mas, resistem ao fato de Deus ser soberano para ter escolhido aqueles que ele mesmo quis (Ef 1.4). Para estas pessoas, tal escolha seria injusta. 
Convém perguntarmos: o que seria justo para aqueles (todos) que pecaram e foram destituídos da gloria de Deus? Não seria a condenação eterna? De fato seria! Mas Deus por seu amor e misericórdia decidiu salvar alguns (ver Ef 2.1-8).
A soberania divina é fundamental para a compreensão da doutrina bíblica e o desenvolvimento de praticas saudáveis e relevantes em qualquer época ou cultura.
Há também aqueles que se fecham à doutrina da eleição, pelo simples fato de acharem que a mesma seja uma porta para o viver desregrado. Tais pessoas fazem mau uso da expressão: “Uma vez salvo, salvo para sempre”. Desconhecendo os fundamentos, e os resultados da salvação pela graça, permanecem apegados ao engano do livre arbítrio.
Os eleitos, salvos pela graça e misericórdia divina, buscam um viver embasado na Palavra de Deus e seus ensinos. Compreendem o alto grau de responsabilidade que lhes é devido, demonstrando “frutos dignos de arrependimento”. Ao contrario de ser uma porta aberta para o liberalismo, a salvação pela graça nos chama à sujeição ao Senhor (ver Gl 5.1, 13).
Por fim, destaco os inúmeros equívocos causados pelos falsos ensinos, infelizmente seguidos pela maioria dos evangélicos. Crenças que colocam o homem como personagem central, a ponto de asseverar que o mesmo é capaz de escolher entre “aceitar” ou “rejeitar” a salvação; como se isso lhe fosse possível. 
Faz-se necessário salientar que a doutrina do livre arbítrio, lançada por Pelágio (monge britânico – 350-423), foi veementemente combatida por Agostinho, e consequentemente reputada como heresia, no século IV. Ainda assim, anos depois surgiu Arminius, cobatendo os ensinos de Calvino, e ressuscitando as heresias de Pelágio. 
Infelizmente a maioria dos que afirmam ser arminianos, desconhecem a história e seguem desprovidos de sólida fundamentação bíblica. 
Voltemo-nos à busca pela verdadeira base para darmos passos firmes na caminhada de fé e adoração ao Senhor. Isso demandará um serio retorno as Escrituras, e aplicação ao estudo da História da Igreja. Neste sentido, os ensinos de Jesus e de Paulo, são importantíssimos, pois ambos nos revelam com maestria a vontade soberana do Senhor.
A eleição é apenas um dos pontos das chamadas doutrinas da graça. Um entendimento mais amplo exigirá um esforço da nossa parte, no sentido de conhecermos as demais temáticas. Espero apresentar novas contribuições nos próximos escritos.

Riva Santos

segunda-feira, 20 de maio de 2013

OUVIR



Este é o meu filho amado em quem me agrado. Ouçam-no! (Mt 17.5)

Uma das principais características de um autentico filho de Deus é a sua inclinação para ouvi-Lo. Jesus afirmou que suas ovelhas “... ouvem a sua voz... ” (Jo 10.3). No mesmo texto de João 10, ele também desta que elas (suas “ovelhas”) “nunca seguirão um estranho; na verdade fugirão dele, porque não reconhecem a voz de estranhos (v.4).
Acredito ser oportuna tal reflexão, pois vivemos numa época onde a comunição é uma das principais estratégias de propagação de informações e influencia sobre as pessoas. Sendo assim, é de fundamental importância sabermos a quem ouvir, pois nossas palavras e ações serão frutos das informações corretas ou distorcidas que estivermos absorvendo.
Naquele momento de grande gloria, diante da transfiguração de Jesus; Deus se manifestou como o Pai que afirma o filho, deixando uma orientação clara para os três discípulos: “Ouçam-no!” É evidente que tal afirmação deve ser levada a serio por todos os eleitos, afinal, não nos compete outra coisa a não ser obedecermos a sua voz. Quem é nascido de Deus se compraz e ouvi-Lo. Consideremos alguns pontos que podem nos auxiliar na desafiadora tarefa de ouvir a “voz do Senhor” e andar segundo Ele nos propõe.
1.       Como o próprio Jesus afirmou: “... elas (“ovelhas”) conhecem a sua voz...” (Jo 10.4). Ninguém conhece a voz do Senhor a menos que seja por ele conhecido. Isto significa dizer que tal realidade decorre do novo nascimento, e que apenas os eleitos de Deus, regenerados por seu amor e misericórdia poderão ouvir e discerni o que ele diz e porque diz. Trata-se de um aspecto inerente à relação Pai e filhos. Algo que se desenvolve na caminhada diária e no desenvolvimento de uma relação estreita e saudável, pautada pelo devido embasamento na doutrina bíblica.
2.       Seguindo a ordem divina, devemos analisar os principais temas a luz dos ensinamentos de Jesus. Essa é a principal maneira de ouvi-Lo. Seus ensinos são fundamentais para um viver pautado pela adoração sincera ao Pai e uma caminha digna do discipulado cristão. Devemos observar, por exemplo, o que os ensinamentos do Mestre revelam  sobre questões como: adoração, igreja, comunhão, contribuições materiais, amor ao próximo, proclamação do evangelho, e tantas outras.
À medida que nos envolvemos com questões de caráter religioso é comum assumirmos posturas, falas e ideias; sem antes as avaliarmos com base nos ensinos de Jesus. Tal inclinação nos torna muito mais vulnerável diante de praticas que não sejam reflexo daquilo que corresponde a andarmos em sintonia com: “Ouçam-no”!  Nenhuma outra voz, ensino ou influencia pode ser mais atraente do que a voz do Supremo Pastor, aquele que dá a sua vida pelas ovelhas.
3.       Convém lembrarmos que a Igreja de Jesus Cristo está fundamentada sobre a “doutrina dos apóstolos” (At 2.42). Compreender os ensinos deixados pelos primeiros seguidores de Cristo é uma das melhores maneiras de darmos ouvidos à Sua voz. Isso demonstra quão importante é o embasamento doutrinário para um caminhar alinhado com o propósito divino. Fugir da solidez doutrinaria é semelhante a construir uma casa sobre a areia.
A falta da doutrina bíblica e as muitas interpretações infundadas tem sido a causa de praticas estranhas ao evangelho de Jesus e a manifestação de inúmeros escândalos. Ouçamos a doutrina bíblica, e a partir dela desenvolvamos praticas simples e transformadoras, próprias dos autênticos filhos de Deus.
4.       Creio que outra maneira saudável de “ouvirmos Jesus” é interagindo com os irmãos da fé. Pessoas que procuram caminhar com base nos ensinos do Mestre. Neste caso, os encontros coletivos são de fundamental importância para a edificação mutua e os constantes ajustes na caminhada.  Cada participante contribui com seus dons, compartilhando e recebendo. Através do compartilhamento coletivo podemos discernir melhor o que Jesus nos ensina com base em sua Palavra, evitando “achismos” e principalmente, praticas desconexas com a verdade divina.
Atentemos para a orientação divina: “Ouçam-no!” Que este apelo nos atraia aos fundamentos da fé bíblica, e nos afaste da falsa espiritualidade baseada nas emoções e tantas manifestações vestidas da roupagem religiosa, mas desprovida do verdadeiro sentido cristão. Voltemo-nos para a comunhão com o Senhor, atentos aos ensinos do Mestre, fundamentados na doutrina dos apóstolos e sem desprezar o viver em comunhão com os irmãos. Assim, a voz do Senhor será muito mais clara e manifesta em nosso viver.


Riva

terça-feira, 7 de maio de 2013

PROCLAMAÇÃO



“Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto...” (Mt 13.8)

A parábola do semeador é um dos textos mais reveladores a respeito da realidade humana ante a proclamação do evangelho. Nela, os vários tipos de “solos”, e a maneira como cada um responde à semeadura, demonstra a reação das pessoas diante da pregação da Palavra de Deus. Fica evidente que a maioria é resiste ou apenas se empolga inicialmente, sem com tudo demonstrar verdadeira sujeição à mensagem (semente) recebida.
Para nossa reflexão, destaco algumas lições que me parece pertinentes à luz do texto desta parábola:
1.       Destaca-se que a mensagem (“semente”) é única. Os diferentes tipos de pessoas (“solos”) não alteram o teor da mensagem. Isso demonstra que o evangelho de Jesus Cristo não varia de acordo com o público alvo. A mesma “semente” deve ser lançada a qualquer pessoa, independentemente de suas especificidades ou contexto de vida. As formas de proclamação podem variar, mas a mensagem é única.
Aqueles que anunciam o evangelho devem estar comprometidos em não aceitar nenhuma proposta de adulteração do mesmo. Na atualidade há muitos “falsos mestres” proclamando outros “evangelhos” (falsas sementes) com roupagem parecida com o autentico. Faz-se necessário estarmos atentos e nos dedicarmos à verdade.
2.       Os “solos” descrevem a maneira como os homens reagem quando a “semente” lhes é lançada. Pelo contexto da parábola percebe-se que a maioria responde de maneira contraria.
É fundamental termos em mente que todo homem é essencialmente pecador, e como tal vive “morto em seus delitos e pecados” (ver Efésios 2.1-8), sendo naturalmente contrario à vontade de Deus. O homem natural não aceita as coisas de Deus, a menos que o próprio Deus o regenere por sua graça e misericórdia. Sem a ação divina todos nós estaríamos fadados a resistirmos a proclamação do evangelho, permanecendo infrutíferos.
3.       O evangelho (“semente”) deve ser anunciado a todos os homens, para que todos possam ouvi-lo. Todavia, nem todos os homens (“solos”) são para o evangelho. Quando compreendemos a doutrina bíblica da eleição dos santos (ver Efésios 1.4; Romanos 8.28, 29). Isto significa que a pregação do evangelho só tem efeito transformador na vida daqueles que Deus por sua soberana vontade escolheu para a salvação. Estes são descritos na parábola como “boa terra” (v. 8).
A semente é a mesma para todos, mas apenas os eleitos são iluminados pelo Espírito Santo, aceitam a mensagem (ver Atos 2.41), se arrependem de seus pecados e passam a viver como novas criaturas.
Nós (“solos”) não temos domínio sobre o evangelho, nem podemos produzir frutos por nós mesmos. A “semente” cai em todos os solos, mas só encontra ambiente propicio para frutificar, na “boa terra”. Apenas o Senhor conhece quem são aqueles que crerão em sua Palavra.
4.       Ao contrario do que erroneamente afirmam certas pessoas, crer nas doutrinas da graça não nos torna inoperantes (relapsos) quanto ao chamado para a evangelização. Os eleitos de Deus atendem ao chamado e anunciam as “boas novas”, tendo em mente o seguinte:
4.1. O evangelho deve ser proclamado a todos os homens, como a “semente” é lançada em todos os solos.
4.2. Devemos conhecer a Palavra (“semente”) que proclamamos, mas jamais conheceremos interiormente as pessoas a quem proclamamos.
4.3. Nossa responsabilidade é anunciar, e o Espírito produzirá os frutos de acordo com a vontade soberano do Senhor. Não nos compete conjecturar acerca dos resultados, muitos menos tentar forjá-los.
4.4. Sempre haverá dois grupos: os que rejeitam e os que aceitam.
5.       Os escolhidos por Deus para receber a Palavra e frutificar, o farão de maneira natural. Produzir bons frutos e glorificar ao Senhor é a razão precípua da eleição. A “boa terra” é preparada para receber a “semente” e proclamá-la a todos os homens. Ela jamais deixará de ser “boa” e produtiva.
Encarar a missão de proclamar as “boas novas” com seriedade e comprometimento implica em estarmos diretamente envolvidos com seu teor cristocentrico. Tal tarefa decorre da escolha divina, e se manifesta por meio da ação do Espírito em nossas vidas. Somos instrumentos em suas mãos para que todos ouçam a pregação do evangelho, e sejam indesculpáveis no dia do juízo.
No mais, sigamos na graça do bom Deus.


Riva Santos


sexta-feira, 3 de maio de 2013

FRUTOS



“Todo aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica” (Mt 7.24)


Na ótica do que Jesus ensina no Sermão do Monte, o grande diferencial entre “uma pessoa qualquer” e aquela que realmente adora a Deus e faz sua vontade, é o comprometimento com a prática da Palavra.
A fundamentação e as ações (práticas) decorrentes do ensino bíblico distinguem os verdadeiros dos falsos profetas. Os últimos se apresentam de forma religiosamente “impecável”: “profetizam, expelem demônios e fazem milagres” (Mt 7.22). Tais atitudes facilmente são acatadas e celebradas pelo povo, mas Jesus não se impressiona com as mesmas, e as caracteriza como “praticas iníquas”. Para ele, o que vale é aquele que “faz a vontade do Pai” (Mt 7.21), esse, “entrará no reino dos céus”. 
Portanto, o grande sinal é “ouvir e praticar a palavra”. Neste sentido, “ouvir” é muito mais do que apenas ter acesso (contato) com a palavra. É recebê-la no coração.
Se a pratica bíblica é a grande característica daqueles que agradam a Deus, devemos ter clareza a respeito dos mesmos. Quem são estes que podem “ouvir e praticar” a Palavra? Ao compreendermos a doutrina bíblica da eleição dos santos, entende-se também que esta é uma graça outorgada aos eleitos de Deus. Estes, iluminados pelo Espírito Santo, podem ouvir e entender aquilo que o Senhor lhes ensina por meio da Bíblia. 
Tendo isso em mente, não estranharíamos os frutos danosos, gerados pelos falsos profetas cada vez mais presentes nas tribunas e mídias das instituições religiosas. Na verdade, o que eles praticam, apenas comprova o que Jesus sentenciou: “Pode alguém colher uvas de um espinheiro ou figos de ervas daninhas?” (Mt 7.16). 
Tomando a Palavra de Deus como base, estejamos atentos a tudo o que é falado e realizado em nome da fé. Assim, identificaremos os frutos de cada um.


Riva