Uma das maiores evidencias do
conhecimento e comunhão com Deus é a maneira como nos manifestamos por meio da
oração. Jesus durante sua caminhada terrena, manteve-se focado na pessoa e
planos do Pai. Isso se manifestava de varias maneiras, inclusive por meio de
suas orações.
Na narrativa de João 17, vemos Jesus
orando com base nos fundamentos do plano divino para sua missão. Assim como em
outros momentos, ele não destoa daquilo que Deus o havia confiado, e faz
questão de priorizar isso, como foco principal de sua intercessão. Lendo o
texto calmamente, e relacionando-o com outras passagens dos evangelhos,
encontraremos verdades como:
- Primeiramente ele confirma que o Pai lhe deu autoridade sobre toda humanidade, e com base na mesma, concede vida eterna: “... para que conceda vida eterna a todos os que lhe deste” (v. 2). Jesus vivia com base na soberania divina, e se submetia plenamente àquilo que a mesma havia confiado em suas mãos (ver Jo 6.37-65).
Temos aqui a
afirmação da doutrina bíblica da expiação limitada. Afirmando que a obra
redentora de Cristo teve como alvo apenas “aqueles que o Pai lhe deu”
(eleitos), e não todos no sentido de humanidade. Embora esta questão estivesse
muito clara, Jesus ele não deixava de se relacionar com todas as pessoas, e
anunciar as boas novas às mesmas.
O Filho de
Deus não se deixava levar pelos desejos dos homens, nem orava no sentido oposto
ao plano divino. Ele sabia qual era o foco de sua missão terrena. Deus lhe deu
“toda autoridade nos céus e na terra” (Mt 28.18), e isto incluía salvar da ira
divina, apenas aqueles que havia recebido do Pai (Jo 6.39).
- Embora Jesus tenha proclamado as boas novas a todas as pessoas que se aproximavam para ouvi-Lo, revelou o nome do Pai, apenas “àqueles que do mundo o Pai lhe deu” (v. 6). Os eleitos são iluminados pelo Espírito para entenderem a mensagem do evangelho. Todos podem e devem ouvir, mas a missão de Jesus é revelar a vontade de Deus aos eleitos.
A maneira com
os escolhidos pelo Pai compreende o evangelho não pode ser mensurada a partir
de argumentos meramente racionais (ainda que seja plenamente possível
explicá-la). Trata-se de uma obra gerada pelo Espírito no coração daqueles que
não poderão resistir a graça divina. Ao ouvirem a Palavra, brota-lhes a fé
salvadora, e esta produz arrependimento e conversão ao caminho do evangelho
(ver At 2.37-41).
Devemos seguir
o exemplo de Jesus, anunciando o evangelho às pessoas, como parte da nossa
missão. Todavia, devemos fazê-lo, sem a pressão por “resultados” (números),
pois o convencimento é obra divina, e Ele opera como e quando lhe apraz, a fim
de alcançar seus escolhidos.
- Na oração, Jesus também demonstra cuidado com aqueles que o Pai confiou em suas mãos (v. 9). Sua intercessão é direcionada aos discípulos e àqueles (eleitos) que creriam por meio da pregação dos mesmos (v. 20).
Dos cerca de
três anos de intensa missão, Jesus aplicou aproximadamente um ano e meio em
torno dos doze. Eles eram prioridade na caminhada do Mestre. Este é o verdadeiro
discipulado e cuidado, desenvolvidos na caminhada juntos.
A intercessão
é um ponto importante na vida dos filhos de Deus, pois através dela
demonstramos sujeição à vontade divina, e nossa busca por compreendê-la melhor.
Orar pelas pessoas que conhecem ou conhecerão o evangelho é orar de acordo o
plano redentor revelado por meio da vida e mensagem de Jesus.
- Finalmente, João mostra como Jesus prestou contas ao Pai: “Nenhum daqueles (que me destes) se perdeu” (v. 12). Manifesta-se aqui o “bom Pastor”, aquele que “dá sua vida pelas ovelhas” (ver Jo 10). Sob seus cuidados, todos os eleitos (ovelhas) de Deus são guardados e apresentados a Deus.
Diante disso,
pensar na “possibilidade” de perda de salvação é negar questões como: a livre e
soberana vontade divina em escolher os eleitos, a eficácia permanente do
sacrifício de Jesus sobre aqueles pelos quais ele morreu e ressuscitou e a
fidelidade daquele que afirmou cuidar dos que lhe foram confiados.
Ao contrario
do que pensam os desinformados, o viver fundamentado na perseverança dos santos
não credencia os eleitos a viverem de modo libertino, mas ao quebrantamento e
apego a graça divina. Somos santificados pelo Espírito, e não pelos nossos
próprios esforços. Na verdade, se dependêssemos de nós mesmos, jamais seriamos
salvos da ira divina. Todavia, alcançados pela graça, nos tornamos gratos e o
Espírito Santo nos guia no caminho da obediência.
Com a mesma
lucidez que afirma a perseverança dos santos, Jesus também destaca: “... a não ser aquele que estava destinado à
perdição, para que se cumprisse a Escritura” (v. 12). Não há como esconder que a eleição de
uns, implica na não eleição de outros (ver Rm 10-23). A exemplo de Judas, todos
os homens cumprem o propósito divino na história, mas isto não significa que todos
eles serão salvos. Aqueles que não foram eleitos antes da fundação do mundo
seguirão o curso natural da vida, desprovidos da graça divina.
O caminho do
evangelho de Jesus é estreito. Andar nele implica em sujeição à graça e
misericórdia do Senhor, pois somente assim seremos verdadeiramente seus
discípulos e demonstraremos na pratica que somos eleitos de Deus, e não meros
seguidores de determinadas doutrinas ou instituições.
Os olhos dos
discípulos de Jesus devem permanecer focados naquilo que o Mestre focou. São
estas coisas que devem pautar nossos passos, e não os nossos desejos carnais. O
desafio é grande, mas, lembremo-nos: sobre nós repousa a graça divina. Ela nos
basta!
Riva
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