"A vida cristã não é resultado da escolha do cristão, e sim sua resposta ao fato de que Deus o escolheu" (James M. Houston)

terça-feira, 16 de abril de 2013

“EM SECRETO”



“E seu Pai, que vê o que é feito em secreto, o recompensará” (Mt 6.4)

Interessante observarmos como questões cruciais do dia a dia, são tratadas na perspectiva divina. Sobretudo aquelas que geralmente ganham maior destaque, quando as pessoas tentam demonstram publicamente sua fé. Notemos por exemplo, como Jesus expõe o tema das “esmolas” e a “oração”. Em ambos os casos, o Mestre, difere completamente das praticas adotadas pelos religiosos.
Em relação ao compartilhar doações (“esmolas”), os religiosos faziam questão de demonstrar o que doavam, quanto doavam e como doavam. A princípio, o foco não era o suprimento dos necessitados, mas, a “piedade” dos doadores. Com isto, eles julgavam estar agradando a Deus. Esta é tendência humana. Todavia, Jesus deixou claro que as fanfarrices religiosas não demonstram o verdadeiro espírito da fé cristã. O cristão deve compartilhar de forma anônima: “Quando você der esmola, não anuncie isso com trombetas...” (Mt 6.2); “... Que sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita” (Mt 6.3).
No caminho do evangelho de Jesus, compartilhar com os necessitados, está longe de ser uma abertura para a proclamação publica ou estratégia de marketing para arrecadação de mais recursos, muito menos justificativa  para quaisquer outras questões. Trata-se apenas da expressão singela do amor cristão, sem nenhuma prerrogativa de barganha ou coisa similar.
Outro tema relevante nessa questão é a abordagem feita por Jesus, sobre o tema da oração. Neste caso, a ênfase é muito maior. Enquanto os religiosos daqueles dias, e os atuais persistem em fazer da oração uma das principais expressões exteriores de sua “fé”, o Mestre ensina o oposto: “E quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas” (Mt 6.5). Sua proposta foi a não imitação da pratica religiosa, porque o que eles faziam trazia louvores a si próprios e não a Deus.
Jesus nunca tratou a oração como um ato de exibição de poder ou pretensa promoção pessoal. Para ele, oração era intimidade pessoal, descrita numa relação tão estreita quanto a de pai e filho. É um convite ao secreto: “... vá para o seu quarto, feche a porta...” (Mt 6.6), à pessoalidade e ao anonimato. Não há necessidade de gritos, muito menos de se preocupar com o tempo ou com as absurdas listas de pedidos. Basta se achegar a Ele, sabendo que “o Pai vê em secreto”.
O ensino de Jesus simplifica muitas coisas que os religiosos complicam. A religiosidade humana vive tão imersa em valores e praticas triunfalistas, exibicionistas e carnais, a ponto de considerar espiritual, coisas que o evangelho desconsidera. Nesse mundo de tantas instituições, “lideres”, “modelos” e manifestações publicas; as palavras do Sermão do Monte precisam ecoar entre os eleitos de Deus. Não podemos nos curvar àquilo que não expressa genuinidade cristã, muito menos aos ritos e vícios religiosos.
Aceitemos o chamado à simplicidade, caminhando como anônimos, fugindo dos holofotes das instituições religiosas e seus inúmeros apelos. O foco divino é o nosso coração. Ele sabe o que nos motiva, e desconsidera nossas ações, quando o exterior sobrepõe o “secreto”.

Riva



terça-feira, 9 de abril de 2013

DESNECESSÁRIO

Não me impressiona o fato de encontrar tantas pessoas que se dizem decepcionadas com a instituição igreja, seja evangélica ou católica. Ao ouvi-las, percebo que os motivos que as levaram a tal situação, são os mesmos. Coisas como: centralidade nos princípios ou dogmas institucionais, domínio da liderança, ênfase materialista, disputas internas, ativismo religioso, falta de amizades sinceras, legalismos, desvios doutrinários, dentre outros.

O que tenho dito a tais pessoas é muito simples, mas, percebo que para aqueles que ainda se encontram envoltos nas muitas e sutis “benesses” da igreja institucional; tonar-se de difícil compreensão. Por que aqueles que lamentam, não compreendem que as estruturas religiosas (institucionais/denominacionais) estarão sempre propensas às desilusões? Por que insistem em sofrer (como candidatos a “mártires”), se Jesus nunca os chamou para dentro de instituições?

Observo que em sua maioria, tais pessoas ainda não compreenderam o chamado de Jesus à liberdade. Vivem subjugadas pelos ritos, formas e sistemas, e em muitos, acabam frustradas, e sem desfrutar da paz de Cristo. Estão no que chamam de “igreja”, porém, não desenvolvem uma relação saudável com a Igreja Corpo de Cristo. Falta irmãos, amigos, gente que caminha junto na oração, na Palavra, no dia a dia; pessoas que celebram o ser Igreja na vida, caminhada, indo e vindo, nos encontros e desencontros cotidianos.

Digo a elas que tenho coragem. Sejam realistas. Olhem para os ensinos de Jesus, Paulo, Pedro, e tantos outros que no decorrer da história, demonstram que a fé cristã não é religiosa, nem templocentrica, muito menos materialista ou opressora. A fé que flui do evangelho de Jesus Cristo é um chamado à simplicidade, à peregrinação na convivência com outros irmãos, sem liturgias, sem dominadores. Dificilmente alguém conseguirá viver estas coisas no contexto das instituições religiosas. 

Aos que querem apenas sofrer pelos motivos decorrentes de serem genuínos discípulos de Cristo, proponho: reflexão, estudo da Bíblia e da história, oração, estarem juntos de outros irmãos e coragem para romper com o desnecessário.

Abraço!

Riva