“ANTIRRELIGIOSOS”?
Me intriga a fala de certos
propagadores religiosos, com seus discursos “antirreligiosos”. Apesar de
intrigado, tal fato não me causa estranheza, pois na verdade, os mesmos falam
de algo que desconhecem ou preferem não conhecer.
Geralmente, estes são figuras das
mais destacadas no mercado religioso. Líderes das empresas da “fé”, promotores
de mega eventos (na sua maioria de péssimo gosto), bons palestrantes (se
comparados aos mestres da auto ajuda), vendedores de quinquilharias, animadores
de grandes auditórios. Justamente estes, mergulhados e comprometidos com o
mercado e as instituições religiosas, saem falando o inverso. Todavia, não
abrem mão das “benesses” que o meio lhes oferece.
Parece que o falar “contra” a
religiosidade, virou tema dominante no vasto acervo de temas interesseiros
destes “gurus”. Estariam percebendo que o mundo e as pessoas à sua volta, cada
dia questiona com maior intensidade os pressupostos religiosos? Não acredito!
Pois suas praticas demonstram o contrario. Provavelmente, mais uma vez, estejam
fazendo meros discursos, entulhados de frases de efeito, porém, vazios de
significado pratico.
Como deveria ser a postura
daqueles que propagam um estilo de vida não religioso? Sugiro algumas praticas
que os mesmos deveriam considerar:
Abandonem o estilo de vida religioso. Vivam como irmãos entre
outros irmãos. Abandonem a “capa” clerical, pois a mesma é uma formatação
religiosa, que nada tem haver com o modelo proposto por Jesus. Liderem pela
maturidade e o exemplo, ao invés de utilizarem as prerrogativas dos títulos
religiosos.
Sejam servos e não senhores. Quando deixamos de ser religiosos,
assumimos a forma de servos uns dos outros. Cooperando com base nos dons que
recebemos. Com isto, deixamos de lado o estilo gerencial adotado pela maioria.
Na Igreja de Cristo, não há espaço para mandatários, proprietários ou quaisquer
outras formas de domínio humano. Nela, todos são igualmente pecadores carentes
da graça divina, e por ela, chamado a servir.
Desmontem seus impérios. Abandone a ocupação de grandes prédios, a
final a Igreja de Jesus pode ser reunir em qualquer lugar, e de preferência em
grupos menores. Entenda que Igreja não é uma instituição nem um lugar, e sim, um
Corpo.
Parem com a apelação financeira. Deixando de ser religiosos, não
precisaremos da maquina religiosa, e isto nos libertará do espolio financeiro. As
contribuições financeiras devem ser observadas quando houver necessidades
pessoais. Socorrer os irmãos em suas necessidades é um mandamento bíblico.
Todavia, não podemos dizer o mesmo em relação a manutenção da instituições
religiosas.
Compartilhem a fala com outros irmãos. É estranho que os pregadores
anterreligião, insistam tanto em falar. Fazem longos e repetidos discursos, e
raramente param para ouvir outros. Esquecem
que uma das principais estratégias religiosas é a dominação da fala, e cercear
esse direito aos demais.
Permitam ser questionados e questionar. Como afirmou certo
filosofo: “Vida sem questionamento, é vida sem sentido.” Quem deseja assumir
uma postura anterreligiosa, deve estar aberto a ser questionado. Bem diferente
de viverem apenas defendendo pontos de vista pessoais, completamente fechados
ao debate e à intervenção de outros. A verdade bíblica (não religiosa) nos
convida ao questionamento, pois é plenamente capaz de se auto sustentar.
Pensem nas implicações do viver não religioso, antes de propor o mesmo.
O estilo de vida não religioso é algo tremendamente complexo para pessoas
religiosas. Isso porque, estão habituadas a determinadas praticas, sem ao menos
saberem a razão das mesmas. Adorar a Deus, despido da “capa” religiosa, é
tornar-se alvo dos muitos ataques por parte dos religiosos.
Há muitas outras questões que
poderiam ser abordadas, mas, por hora, estas são suficientes. Que Deus ilumine
nosso entendimento, a fim de assumirmos práticas livres do gesso religioso.
Desta forma, provavelmente não se fará necessários muitos discursos, pois a
vida falará por si mesma.
Riva Santos