"A vida cristã não é resultado da escolha do cristão, e sim sua resposta ao fato de que Deus o escolheu" (James M. Houston)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012




“ANTIRRELIGIOSOS”?

Me intriga a fala de certos propagadores religiosos, com seus discursos “antirreligiosos”. Apesar de intrigado, tal fato não me causa estranheza, pois na verdade, os mesmos falam de algo que desconhecem ou preferem não conhecer.
Geralmente, estes são figuras das mais destacadas no mercado religioso. Líderes das empresas da “fé”, promotores de mega eventos (na sua maioria de péssimo gosto), bons palestrantes (se comparados aos mestres da auto ajuda), vendedores de quinquilharias, animadores de grandes auditórios. Justamente estes, mergulhados e comprometidos com o mercado e as instituições religiosas, saem falando o inverso. Todavia, não abrem mão das “benesses” que o meio lhes oferece.
Parece que o falar “contra” a religiosidade, virou tema dominante no vasto acervo de temas interesseiros destes “gurus”. Estariam percebendo que o mundo e as pessoas à sua volta, cada dia questiona com maior intensidade os pressupostos religiosos? Não acredito! Pois suas praticas demonstram o contrario. Provavelmente, mais uma vez, estejam fazendo meros discursos, entulhados de frases de efeito, porém, vazios de significado pratico.
Como deveria ser a postura daqueles que propagam um estilo de vida não religioso? Sugiro algumas praticas que os mesmos deveriam considerar:
Abandonem o estilo de vida religioso. Vivam como irmãos entre outros irmãos. Abandonem a “capa” clerical, pois a mesma é uma formatação religiosa, que nada tem haver com o modelo proposto por Jesus. Liderem pela maturidade e o exemplo, ao invés de utilizarem as prerrogativas dos títulos religiosos.
Sejam servos e não senhores. Quando deixamos de ser religiosos, assumimos a forma de servos uns dos outros. Cooperando com base nos dons que recebemos. Com isto, deixamos de lado o estilo gerencial adotado pela maioria. Na Igreja de Cristo, não há espaço para mandatários, proprietários ou quaisquer outras formas de domínio humano. Nela, todos são igualmente pecadores carentes da graça divina, e por ela, chamado a servir.
Desmontem seus impérios. Abandone a ocupação de grandes prédios, a final a Igreja de Jesus pode ser reunir em qualquer lugar, e de preferência em grupos menores. Entenda que Igreja não é uma instituição nem um lugar, e sim, um Corpo.
Parem com a apelação financeira. Deixando de ser religiosos, não precisaremos da maquina religiosa, e isto nos libertará do espolio financeiro. As contribuições financeiras devem ser observadas quando houver necessidades pessoais. Socorrer os irmãos em suas necessidades é um mandamento bíblico. Todavia, não podemos dizer o mesmo em relação a manutenção da instituições religiosas.
Compartilhem a fala com outros irmãos. É estranho que os pregadores anterreligião, insistam tanto em falar. Fazem longos e repetidos discursos, e raramente param para ouvir outros.  Esquecem que uma das principais estratégias religiosas é a dominação da fala, e cercear esse direito aos demais.
Permitam ser questionados e questionar. Como afirmou certo filosofo: “Vida sem questionamento, é vida sem sentido.” Quem deseja assumir uma postura anterreligiosa, deve estar aberto a ser questionado. Bem diferente de viverem apenas defendendo pontos de vista pessoais, completamente fechados ao debate e à intervenção de outros. A verdade bíblica (não religiosa) nos convida ao questionamento, pois é plenamente capaz de se auto sustentar.
Pensem nas implicações do viver não religioso, antes de propor o mesmo. O estilo de vida não religioso é algo tremendamente complexo para pessoas religiosas. Isso porque, estão habituadas a determinadas praticas, sem ao menos saberem a razão das mesmas. Adorar a Deus, despido da “capa” religiosa, é tornar-se alvo dos muitos ataques por parte dos religiosos.
Há muitas outras questões que poderiam ser abordadas, mas, por hora, estas são suficientes. Que Deus ilumine nosso entendimento, a fim de assumirmos práticas livres do gesso religioso. Desta forma, provavelmente não se fará necessários muitos discursos, pois a vida falará por si mesma.

Riva Santos